Caminhando por Amsterdam
Nosso passeio começa na Centraal Station, a estação central de trens. Como na maioria das cidades européias, a estação é o centro de tudo e um dos princupais portões de Amsterdam. Mas antes de começar nossa caminhada um aviso: a maior parte das calçadas da cidade são estreitas e muitas vezes os pedestres acabam invadindo as ciclovias, que correm ao longo dos canais e da maior parte das ruas. Esteja sempre atento para o trânsito das bicicletas (há 400mil em Amsterdam!!) pois elas tem a preferência e os ciclistas andam feito malucos!!
Todos os trens nacionais e internacionais partem e chegam aqui. É uma das mais movimentadas da Europa. Além disso, há aqui uma infinidade de serviços como casa de câmbio que funciona 24 horas, caixa automático para saque de cartão de crédito, telefones, banheiros públicos, inclusive com chuveiros, venda de passagem para trens, ônibus, bondes elétricos. metrô e barcos, agência de viagens, lojas de souvenir e presentes, florista, chaveiro, revelação de filmes, farmácia, livraria, taxis, restaurantes, lanchonetes e cafés. Na plataforma 1 está uma ótima opção para um lanche na The Station, lanchonete que oferece cardápio variado que inclui refeições quentes, saladas e sanduíches.
Saindo da estação pela porta principal, num pequeno edifício branco bem em frente funciona o Escritório deInformações Turísticas, mais conhecido como VVV (pronuncia-se fei, fei, fei).Este escritório funciona 24 horas e é o melhor lugar pra trocar seu dinheiro. Aqui não é cobrada comissão sobre o câmbio. Aqui também os simpáticos e poliglotas atendentes podem ajudar vocêa encontrar hospedagem (caso você tenha vindo sem reserva) além de prestar todo o tipo de informações, vender mapas e ticketes para excursões, concertos, museus etc.
A primeira coisa a se fazer em Amsterdam é um tour de barco. Só assim você vai entrar no clima da cidade. Amsterdam cresceu e prosperou à beira de canais. São 1.281 as pontes que cruzam sobre seus 165 canais, ligando 90 ilhas, o dobro de canais e pontes de Veneza. Desde tempos imemoriais, todas as noites 40 eclusas no centro da cidade são fechadas manualmente durante uma hora e meia, um processo para renovação da água. Há cerca de 3.000 casas flutuantes ancoradas ao longo dos diversos canais. Algumas são restaurantes e até hotéis. Deslizar pelos canais de Amsterdam é voltar no tempo. A cidade foi construída a partir do comércio marítimo e é uma das mais bem preservadas de toda a Europa. Há quase 7 mil prédios dos séculos 15 ao 18 espalhados pela cidade.
Atrás do VVV há um atracadouro de onde saem barcos com diversas opções de tours. Sugiro o tour que tem duração de 1 hora e custa EUR8. É um tour circular que o levará pelos mais belos canais e pontes dando uma noção da cidade que é chamada de "Veneza do Norte". Você pode comprá-lo em uma das diversas empresas que oferecem este tipo de serviço, como a The Best of Holland ou a Lovers Canal Cruises . Sendo um tour circular, você desembarcará aqui mesmo e então, depois do passeio de barco, poderemos iniciar nossa caminhada.
A rua que começa em frente à estação é a Damrak, a mais famosa da cidade, um caleidoscópio de cores e frenética atividade que vai até à Dam, ou Praça do Dique. O comércio é variado incluindo-se bancos, pubs, restaurantes, hotéis, antiquários, lojas de departamentos, fast foods, cinemas, tabacarias, livrarias... No número 18 está o bem humorado Museu do Sexo que vale uma curiosa visita. Ao lado está o Museu da Tortura, um programa meio exótico mas curioso. Desde a guilhotina até à cadeira elétrica, você poderá ver objetos do universo sadomasoquista. No meio da quadra à esquerda, o prédio da Bourse, ou Bolsa de Valores que foi construído em 1898. Logo em seguida está a De Bijenkorf, a maior e mais luxuosa loja de departamentos de Amsterdam. Em frente à ela, já na praça do Dique (Dam) está o Museu de Cera de Madame Tussaud. No nº 33 da Damrak você vai encontrar o Easyeverything, um cybercafe. São 200 computadores à disposição dos internautas 24 horas por dia, todos os dias da semana!!
No século 13, as águas do rio Ij , que se encontra agora atrás da Centraal Station, vinham até este ponto. Em 1270 foi construído o primeiro dique para separar as águas do rio Amstel das do lago Zuider. Através dos séculos, os holandeses foram tomando as terras do mar, construindo diques e represando as águas. O país inteiro é pouco maior que o estado de Alagoas, e 6 vezes menor que o Paraná. Cerca de 40% das terras dos Países Baixos foram roubadas ao mar. A praça Dam é o ponto de encontro de estudantes, turistas, artistas de rua e pombos. Um lugar cheio de vida. Há na praça um grande número de carrinhos que vendem comida de rua. O lanche preferido é o "broodje" um sanduíche num pão macio recheado com peixe ou carne. Se quiser experimentar algo bem típico ( e exótico!) peça o "broodje haring" que é um sanduíche numa bisnaga com arenque cru e cebolas!
No final da Dam está um memorial aos holandeses mortos durante a Segunda Guerra Mundial. Um ponto de referencia e encontro fácil de localizar. Do lado oposto, o Koninnklijk Paleis. Este é o Palácio Real, residência da rainha dos Países Baixos. Ele foi construído em 1609 e seus alicerces estão incrivelmente apoiados sobre 13.569 pilares de madeira por causa da natureza pantanosa do terreno. De junho a setembro as visitas são permitidas aos Salões do Conselho e à Câmara Estatal.
Bem próximo, do lado oposto da rua, está Nieuw Kerk , uma igreja, chamada de Nova, que foi construída no século 14. As capelas laterais são de 1450. Desde 1815 as cerimônias de coroação de todos os reis da Casa de Orange são feitas aqui. Aqui, freqüentemente há concertos. Ao redor dela, cafés que permitem apreciar o movimento da Dam.
Agora siga pela Raadhuisstraat. Nesta rua, que começa em frente Koninklijk Paleis e que atravessa diversos canais , algumas pérolas da arquitetura holandesa podem ser encontradas no nº170 e 172 com belas fachadas do século 17.
No número 166 da Raadhuisstraat está o Theater Institute Nederland (Instituto de Teatro dos Países Baixos). Na época de ouro de Amsterdam, esta era uma das casas mais bonitas e ricas da cidade. Os corredores de mármore, os afrescos nas paredes e teto e os frontões ricamente ornamentados revelam a riqueza que imperava nesta época na cidade. Hoje, funciona um museu que conta a história do teatro dos Países Baixos através dos séculos. Abre de 3ª à domingo das 11 às 17 h. Seguindo adiante, você vai chegar ao canal Prinsengracht. Vire à esquerda aqui, na igreja.
A Westerkerk, ou Igreja do Oeste foi construída no final do século 15 em estilo renascentista holandês. Sua torre tem 90 metros de altura e no topo há uma réplica gigantesca da coroa do imperador austríaco Maximiliano, protetor da cidade. Rembrandt está sepultado aqui mas o local exato de sua sepultura é desconhecido. O órgão tem mais de 300 anos. No verão, há concertos e pode-se subir na torre. Próximo, está a estátua de Anne Frank, a menina judia cujo diário se tornou um best-seller. A estátua foi feita pela artista Mari Andriessen em 1977.
Em frente à igreja você pode alugar pedalinhos para um passeio pelas redondezas. O barato deste transporte, que é chamado de "canal bike" é que você sai pedalando e não precisa voltar ao ponto de origem. Basta estacioná-lo numapontos de parada) e pagar conforme tempo que você usou.
Perto daqui, na Westermarkt há um monumento dedicado aos homossexuais que foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial. É o "Hommomonument".
Um pouco adiante da igreja, ainda ao longo do canal, está a Casa de Anne Frank. No dia 5 de julho de 1942, numa Amsterdam ocupada , Anne (aos 13 anos), sua irmã Margot, seus pais e mais 4 outros judeus se esconderam num pequeno cômodo nesta casa para fugir da perseguição nazista. Uma falsa estante dava acesso ao cômodo escondido. Aqui ficaram escondidos durante 2 anos sustentados por amigos até que no dia 4 de agosto de 1944 foram encontrados, presos e enviados para o campo de concentração de Auschwitz. Anne, Margot e sua mãe morreram no campo. Somente seu pai, Otto, sobreviveu. O diário escrito por Anne durante o tempo em que ficaram escondidos foi encontrado tempos mai tarde e seu pai resolveu publicá-lo. É um relato minucioso, comovente e emocionante do processo da guerra, da perseguição nazista e dos sentimentos das pessoas em meio ao conflito brutal vistos pelos olhos de uma menina. O livro foi traduzido para mais de 50 idiomas e já vendeu mais de 13 milhôes de cópias! O museu tem exposições relacionadas à vida de Anne e também alas dedicadas à luta contra o anti-semitismo e o neonazismo. Abre de 2ª à sábado das 9 às 19 (de setembro a maio fecha às 17) e aos domingos das 10 às 19 h.
Siga ao longo do canal Prinsengracht, uma caminhada tranqüila entre árvores e casario antigo. No número 191 dê uma paradinha no Pancake Bakery e experimente uma das panquecas que são servidas aqui. Têm os sabores mais diferentes possíveis. Opções como castanhas com chantily e queijo com gengibre são deliciosas. Cada panqueca vale por uma refeição. No verão, são colocadas mesinhas ao ar livre com vista para o canal. Seguindo adiante , no nº 480 está o Cafe Tops, um cybercafe. Se você não mandou sua mensagem do Easyeverything, esta é a sua chance. Depois, siga adiante até a rua Prinsestraat (2ª depois do Museu de Anne Frank). Nela, vire à esquerda e siga mais uma quadra até o próximo canal, Keisersgracht.
Chamado de Canal do Imperador Maximiliano I, a rua ao longo do canal também é conhecida como Rua dos Frontões, que aqui são mais belos e imponentes. A casa de nº 71 foi onde nasceu Heindrich Schleimann, arqueólogo que descobriu a antiga cidade de Tróia. Siga entãoao longo do canal Brouwersgracht até chegar ao canal Singel.
No século 16, Singel era o limite da medieval Amsterdam. Hoje, alguns pitorescos hotéis estão de frente para o canal, inclusive a casa mais estreita da cidade. Ela fica no nº7 e tem apenas 120 cm de fachada. A largura exata de uma porta e com uma janela no 2º andar.
Chegamos então a Haarlemmersluis . Aqui estão comportas para o controle do nível de água nos canais da cidade. Todas as noites são abertas para renovação da água. Na plataforma acima da pequena barragem há diversas mesinhas onde se pode beber uma boa cerveja holandesa.Bem próximo está Ronde Lutherse Kerk .Esta igreja de 1668 foi destruída em um incêndio em 1822. Foi reconstruída e hoje, com sua cúpula de cobre, abriga o Ramada Koepelzall, um centro cultural e de eventos onde, aos domingos pela manhã, concertos são apresentados.
Para retornar à praça Dam, siga pela Neuwendijk, uma rua franqueada apenas a pedestres e que é uma das principais áreas comerciais da cidade. Aqui há lojas populares e lojas de souvenir. No nº 174 está a loja de departamentos Hema. No segundo andar fica uma lanchonete que serve especialidades holandesas como filé com cogumelos, feijão verde e batatas ou sopa de ervilhas com pão e bacon. Os preços são ainda melhores que a culinária!!!
No nº 19 da Nieuwendijik está o The Cybercafe, e no nº 30, está o Internet Cafe, ambos cafés que oferecem acesso à internet.
Amsterdam tem fama internacional de ser a terra de tolerância às drogas. Realmente, numa tentativa de descrimininalizar o uso e diminuir o tráfico de drogas, o governo holandês adotou uma postura de tolerância legal. Existem só em Amsterdam, mais de 300 "herbs-cafes", bares onde a venda de pequenas quantidades de drogas para consumo pessoal é permitida. Como não é obrigatório o consumo, você pode tranqüilamente visitar um desses lugares e pedir somente um café! Aqui, no nº 123-125 da Nieuwendijk fica um dos mais conhecidos. É o "La Canna", um bar com 3 andares. Há 3 bares distintos (um somente para os fumantes), mesas de snooker e funcionários especializados para lhe fazer sugestões de pedidos (!!!) e orientá-lo quanto à mistura de drogas e bebidas. Tudo muito civilizado e profissional!!!!!! Um aviso, a compra de drogas nas ruas é ilegal, embora muito comum. A Nieuwendijik nos leva de volta á Dam, a Praça do Dique.
Aqui terminamos nosso primeiro roteiro mas podemos continuar nossa caminhada seguindo para outra direção.
Por: Angélica Coutinho